Dicas para ententer crianças presas em casa

Dia da Consciência Negra


Dia 20 de novembro comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. 

Passei os últimos dias pesquisando e conversando com amigas ativistas a respeito da importância dessa data e da semana no calendário nacional. O Kids Indoors apoia a causa e acredita que a valorização da cultura Negra começa na infância, em casa e na escola. 
Como sou apenas simpatizante não poderia escrever com propriedade, então, chamei duas amigas queridas para colaborar com a postagem, Rosemeire Gomes e Alessandra Oliveira. 
Hoje é o dia em que devemos principalmente ouvir aqueles que enfrentam o preconceito diariamente. Rosemeire contou com suas palavras um pouco sobre a realidade de ser professora num país que fecha os olhos para o próprio preconceito. A ideia deste post surgiu ao ver a foto de uma oficina de turbantes que a Alessandra ministrou, pedi a ela que me desse algumas dicas sobre como usá-los a fim de valorizar a cultura de forma prática. Finalmente, citaremos alguns livros que são apropriados para trazer o assunto a tona, aproveitando a ação do "Tem Criança Lendo". 
Gostaria de ter escrito a postagem antes para que as professoras que nos leem pudessem aproveitá-la, mas nada impede que o assunto seja revisto na semana que vem, afinal consciência é algo para cultivar todos os dias do ano. 

Por favor, Rosemeire, conte aos seguidores do Kids Indoors um pouco sobre você. 

Gosto de ser chamada de Rose, tenho trinta e oito anos, sou mãe do Reinaldo, treze anos, um garoto inteligente e amante da boa leitura. E da Rafa, dois anos, uma garotinha muito alegre e ousada. Sou professora, no trabalho com o quarto ano, tenho levado para a sala de aula questões importantes para o melhor convívio em sociedade: maledicência, homofobia, intolerância religiosa, racismo, machismo. 

Você já vivenciou alguma situação de racismo na escola? 

Existe um racismo visceral em sala de aula. Este ano, uma aluna teve muita dificuldade em me aceitar, esperava encontrar uma professora "mais bonita", magra e branca, e isso fez com que ela e a família, a mãe é visivelmente racista, reclamassem de qualquer coisa que eu fizesse. Tinha duas alternativas, deixar o trabalho ou ficar e introduzir o tema na sala. Escolhi a segunda opção. Comecei falando de outros temas, achei que seria muito direto e aí perderia essa garotinha, que ainda não me amava e se sentia desconfortável quando vinha me dar um beijo forçado, mas de iniciativa própria, de despedida do dia. Hoje ela me aceita e a mãe respeita meu trabalho. Outro exemplo é o da ex-coordenadora da escola onde trabalho que era racista, chegou a dizer que eu deveria alisar o cabelo pois quando usava ele livre, assustava as crianças! 

O que você acha que podemos fazer para combater o racismo? 

O melhor jeito de combater o racismo, é falando dele. O silêncio apenas abafa o barulho torturante do racismo. São assuntos que precisam ser debatidos, quando isso não acontece, cria-se a falsa impressão de que está tudo bem, mas não está, nós negros sabemos que não! 

Tem alguma atividade prática que você recomenda fazer com os alunos? Gosto de trabalhar com seminários, aproveito um noticiário, ou alguma questão que os próprios alunos trazem e criamos debates, que têm sido muito ricos, produtivos! 

Qual o papel dos livros nessa tarefa? 

Os livros são excelentes ferramentas para discussão de um tema tão sensível. A leitura de um livro possibilita ao aluno se envolver com o assunto, atuar e propagar novos conceitos, muitas vezes, silenciados dentro do âmbito familiar, onde, certamente, a clareza de ideias seria de uma riqueza transformadora para a nossa sociedade. 

Tanto a Rose quanto a Alessandra, concordam que podemos apresentar aos kids as qualidades da cultura através das histórias de heróis como Zumbi dos Palmares, reis e rainhas africanas, lendas e tradições. 

O turbante 

O turbante está sempre sendo redescoberto pela moda, mas no Brasil ele precisa ser apresentado levando em consideração sua posição principalmente para as mulheres negras. "São utilizados por homens e mulheres na África Negra, os chamados turbantes gelê tem funções sociais, religiosas e claro, fazem parte da moda." Perguntei a Rose e a Alessandra se poderia ser feita uma oficina com as crianças de outras etnias. Elas responderam que sim, sempre que se sentirem identificadas, de forma respeitosa, com o valor simbólico ancestral da indumentária. 

Nas fotos nossa modelo, Ana Carolina Oliveira mostrando dois tipos diferentes de amarrações e com a tia Alessandra que usa um terceiro tipo.




Aqui o link do tutorial no canal da Maria Flor no Youtube 
Aqui um que a mãe da Maria Flor fez com camiseta, para quem não tem lenço. 
Aqui cinco modelos diferentes para se inspirar. 

Alessandra é Bibliotecária. Afroempreendedora. Identificada com a valorização e auto-estima das mulheres e crianças negras. Agradeço a participação das duas amigas e da linda Ana Carolina.

Aqui deixo o link para os livros recomendados pelo Kids Indoors para tratar do assunto.

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