Dicas para ententer crianças presas em casa

curtir

Meu último avô vivo, está na UTI... o que me fez pensar...
q o bom mesmo é curtir os nossos antecessores... enquanto eles ainda estiverem vivos! A relação de avô-neto mudou muuuito nestas últimas décadas... Minha vó, mais afetuosa era a mãe do meu pai... era uma choradeira quando chegávamos e uma outra choradeira quando íamos embora... E, ela fazia todas as minhas vontades! Esta vó morava a 4 horas de distância, no interior do RS. Minha mãe lembra q certa vez chovia muuuito e eu queria brincar na terra... ela me falou q não, e eu retruquei... (chantagista) "-Não? Depois eu vou embora e vc vai chorar, chorar!" Não deu outra, montou uma caixa de areia no meio da sala pra mim!!! Vê se pode!!! Foi a primeira a tentar me ensinar crochet... tinha toda paciência do mundo, mas eu sou uma descoordenada! Meu crochet q deveria se tornar um retângulo, óbviamente terminou um trapézio!!!! Como nós éramos em 8 netos ela conseguia dar muita atenção a todos... mas foi a primeira q partiu!
Minha outra vó, mãe da minha mãe, dava a impressão q não gostava muito da gente... éramos em 26 netos, acho q era muita gente nas férias e, embora a gente adorasse passar o mês de janeiro inteiro na fazenda, isso devia encomodar minha avó pra caramba! E toda noite tinha q rezar TODO terço, com todas as ladainhas...era um saco... e como era no interior, tinha sempre um monte de besouros voando ao redor das lâmpadas... eu ODEIO esse bicho, então de vez em quando eu gritava(surtada, é verdade!), quando eles chegavam muito perto, só recebia os olhares de reprovação dos meus avós e uns cascudos (não o bicho, mas o tapa, mesmo) do meu pai... apesar disso, bons tempos aqueles!!!Minha vó achava q eu ia me dar mal... enquanto minhas primas faziam pintura em pano de prato, bordados, crochet e tricot (q ela admirava muito), eu fazia inglês, teatro, computação e desenho publicitário...pra quê uma moça precisa saber essas coisas? De quinze anos me deu uma fruteira, panos de pratos (pintados pelas minhas primas) e uma colcha de crochet...pra eu começar meu enxoval!! hehehe... Ela foi a segunda a ir...
O que lembro do pai da minha mãe, era q cantava em alemão, adorava leite e lia, lia muito... qualquer um poderia chamá-lo, q ele responderia 'Hum' e, saía do ar novamente, sem ouvir o que falavam pra ele. Bem mais simpático, agarrava a gente e fazia cócegas até a gente dizer STOP! Terceiro a nos deixar...
Agora meu avô, pai do meu pai, estava sempre com uma arruda atrás da orelha, jogava truco com os amigos, adorava uma cervejinha preta, cheirava fumo, criava galinhas e depois coelho, vendia mel, assava churrasco como ninguem, e falava italiano contigo como se vc entendesse tudo, sem traduzir, eu ficava boiando sempre... foi o que mais aprontou na vida... achava q ele ia durar uns cem anos, pelo menos... agora esta doente, muito mal... Meu pai é seu filho mais velho, eu fui sua primeira neta, meu filho foi seu primeiro bisnetO... "o" maiúsculo mesmo, pq pra italiano homem é q vale (mais)... e fico aqui pensando, pena a gente não ter convivido mais.... com todos eles... Mas estamos aproveitando o máximo possível os nossos pais... Hj tanto meus pais, quanto meus sogros saem com os netos, levam no cinema, em restaurantes, levam em parques de diversões, ao círco, ao zoo, vão assistir as peças escolares e apresentações feitas pelas crianças, guardam os desenhos feitos pelos netos como se fossem relíquias, tiram fotos digitais, fazem vídeos e colocam as fotos dos netos como fundo de tela em seus laptops, usam camisetas com fotos dos netos, compram presentes caríssimos nos aniversários e dia das crianças e natal e qualquer dia, só pra vê-los sorrir mais, levam pra passar a semana em suas casas, ou para praia, ou pra Disney! A relação vô-neto mudou muito, os dois lados estão se curtindo mais, os dois lados saem ganhando, muito mais amor, muito mais afeto... essa é a dica de hj... curtir MAIS quem nos fez exisitir... (lembrei-me do clip 'EU' do palavra cantada... Se não fosse eles eu..."Eu não teria bisavô, nem bisavó, nem avô, nem avó, nem pai pra casar com a minha mãe/ Então eu não contaria essa história familiar"...)


2 comentários:

  1. Bah Gi...sem palavras...adorei o que escreveste, me emocionei muito, pois era justamente o que andava pensando nesses últimos dias.
    Essa sensação de ter "perdido" tempo ou de não ter aproveitado o suficiente nos dilacera.
    Espero que realmente isso passe e o Antônio tenha o prazer de conhecer o véio Fino.
    Eu aqui desse lado fico numa angústia de não poder pegar um ônibus e correr pra lá e ver o sorriso dele e ouvir os seus resmungos em italiano, mesmo sem entender nada tb. Mas só o fato de poder estar pertinho dele de novo já me acalma.
    Vamos torcer pra que tudo se resolva bem e assim aprender a lição e curtir, curtir muito os "nossos", aqueles que nos são tão caros.
    Te admiro muito e te gosto muito!
    Beijo grande com carinho,
    Greicy

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  2. Gi, que lindo! Adorei ler um pouco do que eu também ando pensando. É realmente importante contar e recontar nossas histórias com nossos "ancestrais", para que estas perdas que temos no caminho se suavizem diante do tempo vivido e compartilhado com eles. É também um aprendizado para nossos filhos, sem dúvida.
    Nestas pequenas coisas da convivência com os avós que descreveste, com suas manias e jeitos peculiares, acabamos aprendendo o mundo todo. Acho que nunca vou esquecer o cheiro da "casa da vó", pela manhã, quando acordávamos para o café, ou os sons de uma casa que estalava, cheia de móveis antigos de madeira que guardavam ainda inúmeras recordações de vidas que não chegamos a conhecer. Sabe, ainda lembro da nossa bisavó, sentada na cama, curvada, com seus longos cabelos brancos e suas muitas e muitas rugas.
    São pedaços importantes da nossa história que com essas "idas" que tu falas acabam também se perdendo. Que histórias nunca ficaremos sabendo e portanto nunca poderemos contar?
    Há uns quatro anos que tenho o projeto de entrevistar o vô Fino, em vídeo, para ter o registro de sua história de vida (afinal é meu "último" vô, mas sempre acabei achando que poderia ficar para o próximo ano, para o próximo aniversário... Confesso que enquanto escrevo ainda acredito que vou fazer esta entrevista (mesmo que ele fale em italiano e depois teu pai tenha que traduzir tudo). Para nós, que não pudemos conhecer os pais do nosso pai - a não ser pelas histórias contadas pelos outros, pelas memórias enfim que ficaram - o vô Fino e a vó Udila acabaram tendo um espaço duplo, insubstituível, do que é ser avô e principalmente de como é bom ser neta.
    Como eles, também estamos envelhecendo, e aí estão nossos filhos curtindo seus avós num contexto totalmente diferente. Que bom podermos compartilhar com eles histórias de nossos avós, histórias que são fundamentais para eles estarem aqui hoje.

    Um abraço apertado para ti e para os teus anjos,
    Vivi

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