O primeiro livro é um livro para teens e pais. Não é um livro para kids.
Adoramos este autor. Na verdade ele é desenhista, autor, ilustrador, dramaturgo e muito premiado.
Esta é sua primeira grafic novel, que ele publicou aos 85 anos, em 2015:
MATE MINHA MÃE, publicado pelo selo Quadrinhos na Cia da Companhia das Letras.
Um romance
noir e dinâmico que mistura irmãs, mães, filhas e netos, pugilistas, atores, guerra, Hollywood, identidades confusas e relacionamentos distorcidos. Uma subversão
Annie odeia sua mãe. Ela está na fase teen e culpa a mãe de abandoná-la, deixando-a sozinha por longas horas, depois que o pai foi assassinado (um policial honesto que entrou em conflito com a turba durante a Lei Seca). Annie culpa a mãe por muitas coisas, inclusive a morte do pai e por ser muito submissa e trabalhar de mais. Na verdade, a filha tem tanta raiva que não consegue enxergar a mãe, quem ela é de verdade. Elsie, a mãe de Annie, precisa trabalhar para manter as duas e também para descobrir os assassinos do marido (ela é assistente de um detetive - super machista-, antigo sócio do marido, que prometeu ajudá-la, mas vive bêbado e não faz nada).
Ela é bem durona. Mas a filha não vê isso.
As ilustrações são todas monocromáticas, raramente aparecem aguadas de azuis ou verdes, para dar uma ênfase maior em determinada cena. Amo as sequências de passagem do tempo, como esta (acima) onde o mesmo carro se repete, num engarrafamento, e vemos que ele anda pelos balões de fala.
As ilustrações também possuem uma liberdade enorme, uma vida própria. O traço de Feiffer é de uma liberdade incrível. Não são perfeitas, você sente a leveza do gesto, a fluidez, a mão, o rabiscado... As figuras parecem estar sempre se movimentando, sempre agitadas (refletindo o caos da vida e a velocidade do tempo).
Quando uma loira alta e elegante entra no escritório do detetive Hammond (o sócio do falecido) e o contrata para encontrar uma mulher igualmente alta e igualmente loira, isso desencadeia uma série de eventos que vão agitar a década seguinte com
tiroteios, assasinatos,
espancamentos e traições.
A história é bem misteriosa e vemos que aparecem personagens diferentes, como o Pé de Valsa é um pugilista que é leve em seus pés, apaixonado, mas depressivo, e, de repente, um novo capítulo vem, e novos personagens aparecem e só vemos como um é ligado com o outro, vários capítulos depois. Muitos mistérios e reviravoltas.
Não dando spoilers mas fala também de empoderamento feminino (e de como algumas mulheres tentam dominar a vida de outras mulheres) e questões de gênero também.
As muitas histórias que se cruzam são apresentadas basicamente em duas décadas de 30 e 40 e refletem alguns acontecimentos americanos como show bis, era do rádio, guerras, violência, machismo, cinema da época e músicas também.
Para ler você precisa estar bem focada na história, na HQ, pois como fala de 5 mulheres de uma mesma família, as feições das personagens são parecidas e às vezes isso pode se tornar confuso, já que o autor pula de uma história pra outra e de repente você acaba achando que é uma personagem (tipo a mãe), mas é outra (na verdade é a filha já adulta - que tem o mesmo rosto que a mãe).
No final tem as letras das músicas que uma das personagens canta, ao longo da história.
Temos mais alguns livros dele para kids e famílias:
O HOMEM NO TETO, Cia das Letras.
O sonho do guri é ser desenhista, já que não sabe jogar bola, nem vai muito bem na escola.
Jimmy Jibbett tem dez anos e meio,
mora com os pais e duas irmãs (chatas!!!). Seus pais estão sempre trabalhando, o tempo todo, e suas irmãs
estão sempre (seeeempre) incomodando-o.
É a história de um menino que quer muito a atenção do pai, mas o pai não dá bola pra ele, só pra irmã. Então, ele começa a desenhar histórias em quadrinhos, criando um pai tipo Indiana Jones. Ele cria um pai imaginário incrível. E começa a retratar um relacionamento pai/filho (real? Imaginário? Sonhado?).
Mas ele acaba deixando de lado essas histórias e começa a desenhar quadrinhos de um super herói. E aí, Jimmy acha que o desenho será seu caminho para a popularidade. Charley Beemer, um garoto popular (pre teen) e atlético, é o único para quem Jimmy mostra seus quadrinhos, mas o guri critica cada um deles. Frustrando Jimmy.
Ao mesmo tempo o guri tem um tio que vive tentando levar uma peça pra Broadway. Quando finalmente consegue, o autor começa a nos fazer pensar sobre o que ter sucesso e o que é ser um fracassado.
Este livro é sobre falhas e também é sobre perseverança, fundamental para combater o fracasso. Jimmy precisa aprender a continuar tentando, mesmo que ninguém goste de seus quadrinhos.
As ilustrações são em preto e branco e há vários quadrinhos espalhados pelo livro, com as histórias de Jimmy.
O livro traz muito humor. Os personagens têm suas qualidade e defeitos (principalmente) exagerados, resultando no ridículo e humor, claro.
É claro que este livro não estaria completo sem as irmãs tortuosas de Jimmy. Ambos são mandões e teimosos, e estão sempre distraindo Jimmy de desenhar seus desenhos animados. Todos os personagens adicionam atitudes deliciosas para o seu prazer.
O livro é escrito como se Feiffer estivesse falando com você, como se você fosse um amigo, ou confidente, fazendo com que o leitor se identifique empaticamente com os personagens.
O outro livro que temos é
NA BEIRA DA ESTRADA da Companhia das Letrinhas.
Dois irmãos não param de incomodar, durante uma longa viagem.
E sabe aquela ameaça que todo pai faz???
Bem, este pai faz...
E o guri decide sair mesmo e ficar na estrada, para o desespero da mãe.
O guri fica lá sozinho, começa a ficar com fome e frio e começa a entender o castigo... Porém o pai volta e pergunta se ele já entendeu. E como o guri é teimoso, quando ouve o jeito que o pai fala, ele logo desaprende a lição. E diz que vai ficar.
A mãe não quer deixar o guri e começa a briga.
O grui acha que ele faz os pais brigarem e ai decide que não volta mais pra casa...
Fica morando na beira da estrada.
Mas sabe como é o coração dos pais... Mole, mole e a medida que percebem que o guri não vai voltar decidem construir uma casa pra ele ali mesmo.
A história continua...
O irmão quer vir morar junto e o guri não aceita, alguém tem que cuidar dos pais. A família parece se separar, mas na verdade ela, com o tempo, se torna mais e mais unida. Um livro divertido e com reviravoltas inesperadas, sobre família e sobre o que é um lar.
As ilustrações são todas em preto e branco e parece uma história em quadrinhos gigante.
Adoramos.
Já falamos de outro livro dele
AQUI.